“Foi uma honra”, diz Márcia Malsar após carregar a Tocha #Rio2016

Márcia durante a cerimônia de abertura da Rio2016 / Imagem: Reality Social

Márcia durante a cerimônia de abertura da Rio2016 / Imagem: Reality Social

Aplaudida de pé, Márcia Malsar carregou a Tocha Paralímpica #Rio2016, no Maracanã, mais aplaudida ainda, a atleta aposentada levantou de uma queda. Mas quem é essa mulher que tanto emocionou milhares de pessoas e que em entrevista contou ter sido “uma honra carregar a Tocha”?

Márcia foi a primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em uma paralimpíada, foi em 1984, nos 200m rasos. A primeira Olimpíada de Márcia, que na época tinha 24 anos e estava na sua primeira Olimpíada.

Mas antes de conquistar o lugar mais alto do pódio, Márcia teve inúmeros desafios a serem vencidos. Aos dois anos contraiu sarampo e como consequência da doença teve uma infecção no encéfalo. A infecção acabou por comprometer a parte motora e a fala.

Aos 16 anos começou a praticar esportes com 16 anos na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), e depois passou a treinar no Instituto Brasileiro de Reeducação Motora e, a posteriori, na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef). “O técnico viu que ela tinha uma saída para a corrida que dava para ser velocista na categoria de paralisada”, contou a irmã da atleta, Mara Malsar.

Marcia Malsar durante o período de atleta/ Foto: arquivo Andef

Marcia Malsar durante o período de atleta/ Foto: arquivo Andef

O talento visto pelo professor se confirmou. Em New York, 1984, Márcia participou da primeira paralimpíada. E na estreia conquistou três medalhas: ouro nos 200m rasos; prata nos 1.000m cross country; e bronze nos 60m rasos. Na mesma edição bateu o recorde na prova dos 200m, com o tempo de 34s83.

Em Seul, 1988, Márcia conquistou a prata nos 100m rasos. Participou em Barcelona, em 1992, mas não medalhou.

Uma emocionante homenagem

Apesar da história marcante no esporte, Márcia, que tem 56 anos, contou jamais esperava receber uma homenagem tão emocionante. “Nunca imaginei e nunca sonhei com isso. Para mim, isso foi uma honra ao mérito”, contou a atleta.

“Para ela, foi uma homenagem justa pelo que ela fez, o que ela contribuiu para as paralimpíadas e em defesa das pessoas deficientes”, salientou Mara.

Atualmente, a ex-atleta faz sessões diárias de fisioterapia para garantir a manutenção da força muscular e o equilíbrio. Há mais de cinco anos, o fisioterapeuta Bernardo Luz Helayel Tavares convive com Márica, em sessões de tratamento domiciliar e hidroterapia. Ele falou que: “Ela tem bastante orgulho de ter representado o país em várias competições, não só na paralimpíada, mas também em outros campeonatos pelo mundo. Quando vai alguém na casa dela, ela pega as reportagens, as medalhas e os troféus para mostrar. Ela tem muito orgulho dessa parte da vida dela. Realmente foi uma dificuldade muito grande, a Márcia tem uma paralisia cerebral, é difícil ver pessoas com esse tipo de patologia que conseguem essa superação, então é um exemplo”.

Queda e superação

Na cerimônia de abertura da Paralimpíada, Márcia Malsar recebeu a tocha do atleta Antônio Delfino de Souza, medalhista do atletismo em Atenas, 2004. Ela percorreu alguns metros com a tocha na mão, amparada por uma bengala. Como chovia muito naquela noite, Márcia desequilibrou-se e caiu no chão, mas rapidamente levantou-se, sob aplausos do público que lotava o Estádio do Macanã.

De acordo com Mara, Márcia ficou chateada com a queda, porém o episódio fez a atleta lembrar do início de seus treinamentos, quando ela caía durante as diversas tentativas de executar os movimentos. “Ela lembrou desse período em que treinava e disse que a vida é assim mesmo, a gente cai e levanta. Ela caiu, mas não desistiu de chegar no final”, lembrou a irmã.

Uma exposição sobre gigantes!

As medalhas conquistadas por Márcia Malsar nas Paralimpíadas podem ser vistas na exposição Gigantes Paralímpicos, organizada pela Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A mostra também conta com fotos, medalhas e objetos de atletas de diversas modalidade e ficará aberta ao público até o dia 22 de setembro.

*Informações Sabrina Craide – Agência Brasil