Mafalda é uma menininha de seis anos e uma bela crítica social. Apesar de ter sido criada em 1962, mas nascer realmente em 1964 e parar de ser desenhada na década de 1970, a personagem criada por Quino continua com um debate atual e cativando crianças e adultos.
De acordo com diversas publicações Mafalda foi criada em 1962 para um cartoon de propaganda que deveria ser publicado no diário Clarín, porém, o jornal cancelou o pedido. Já Quino conta que Mafalda nasceu dois anos após em uma história em quadrinhos, cujo desenho era fofo, mas o discurso não.
A primeira história de Mafalda foi publicada no jornal Primera Plana, cujo editor-chefe da época era Julián Delgado, amigo de Quino e que sugeriu ao quadrinista a criação das histórias da garota. A aparição foi em 29 de setembro de 1964. Junto a Mafalda estavam os pais.
Em janeiro do ano seguinte o amigo Filipe passou a fazer parte do enredo.
Ao longo do tempo outros personagens como Manolito e Susanita (abril de 1965) surgiram na história. Assim como as tiras foram publicadas em diferentes jornais até 25 de junho de 1973 quando Quino parou de desenhá-la. Fazendo tal ação apenas em momentos especiais, como em 1976, para a ONU.
A origem do nome
O nome de Mafalda foi inspirado em uma personagem da novela Dar la cara, de David Viñas, e o próprio autor contou que na literatura havia outras personagens com o mesmo nome.
Pelos impressos argentinos
A primeira aparição de Mafalda foi em 1964 no Primera Plana. Em virtude de uma disputa legal em 9 de março de 1965 a personagem saiu do impresso.
No dia 15 do mesmo mês e ano as histórias de Mafalda passaram a ser diárias no Mundo de Buenos Aires. Foi neste período que boa parte das críticas sociais surgem, já que Quino tinha a possibilidade de cobrir eventos correntes com mais detalhes. Manolito e Susanita foram criadas neste jornal, assim como a mãe de Mafalda ficou grávida. Em 22 de dezembro de 1967 o jornal faliu e Mafalda teve uma pausa de publicação.
Após pausa de seis meses, as tiras voltaram a serem publicadas no dia 2 de junho de 1968, no Siete Días Ilustrados. Como as HQs (histórias em quadrinhos) tinham que ser entregues com duas semanas de antecipação, o autor se via incapaz de comentar os fatos com a temporalidade necessária. Este fato o levou a cancelar a publicação das histórias de Mafalda cinco anos após.
Odeia sopa
A mamã adorava preparar sopa, prato detestado por Mafalda. Esse foi tema de muitas tiras. Mas a pequena também tinha muitas preferências. Na música Beatles e na televisão, outro meio de muitas críticas (em relação a programação), o desenho do Pica-Pau.
Ela se comporta como uma menina na sua idade, todavia tem uma visão aguda da vida e vive questiona o mundo à sua volta.
A pequena embaixadora dos Direitos Universais da Criança
Em 1976 Quino desenhou um pôster de Mafalda falando sobre os Direitos Universais da Criança. Os personagens também fizeram parte da cartilha com todos os direitos de proteção a criança. Logo a pequena e sua turma se tornaram embaixadores da ONU.
Lista de Personagens
Além de Mafalda, as tiras de quadrinhos contou com oito personagens. Veja a lista:
Papá (Pelicarpo): O pai trabalha numa companhia de seguros, adora cultivar plantas em seu apartamento e tem crises de idade.
Mamã (Raquel): uma típica dona de casa dos anos 1960, não completou os estudos (por isso é vista como medíocre pela Mafalda), entra em conflitos com a filha quando prepara sopas e macarrão.
Filipe: Um sonhador que odeia a escola, mas que frequentemente trava intensas batalhas com sua consciência e seu senso nato da responsabilidade. Foi inspirado pelo jornalista Jorge Timossi, um amigo de Quino.
Manolito (Manuel Goreiro): O filho de um comerciante, mais preocupado com os negócios e dinheiro do que com outra coisa. Não gosta dos Beatles e é um estudante que tira notas baixas (menos em matemática, por causa das contas que aprende no mercado do pai). Representa o conservadorismo capitalista na obra, e apenas pensando no lucro do armazém do pai. Adora as inflações dos preços, já que assim acha que está lucrando.
Susanita (Susana Beatriz Clotilde Chirusi): Uma menina fútil, no qual o único objetivo na vida é encontrar um marido rico e de boa aparência quando crescer e ter uma quantidade de filhos acima da média. É fofoqueira e egoísta, e sempre encontra um jeito de falar sobre o vizinho do irmão da cunhada de alguém.
Guille (Guillermo): O irmão caçula da Mafalda, esperto para sua idade, é retratado como uma criança que começa a perceber o mundo.
Miguel (Miguelito Pitti): é um pouco mais jovem do que as outras crianças. É filho único e tem um enorme coração, apesar de ser egocêntrico. Miguelito tem dificuldade de compreender o que Mafalda pensa, sempre entendendo os conselhos de sua amiga de maneira literal.
Liberdade (Libertad): Uma minúscula menina. Todos fazem o comentário óbvio sobre seu nome. Gosta das coisas simples da vida e seus pais são jovens idealistas, a mãe é tradutora, o pai trabalha em um empreguinho, motivo de moram em um pequeno apartamento.
Burocracia: É a tartaruguinha que Mafalda ganhou de presente do pai e Guile. Foi batizada por este nome por Mafalda por ser tão vagarosa.
Tiras ao redor do mundo
As tiras de Mafalda estão ao redor do mundo, fazendo com que a personagem fosse além da Argentina. A personagem faz muito sucesso até hoje na América Latina, Europa e China. Sendo que os livros com reuniões seriadas das tiras são republicadas atualmente.
As principais obras
Até hoje Mafalda é publicada em livros reedições anteriores e séries de tiras. No Brasil a principal detentora da marca e a editora L&PM. As principais obras são:
Mafalda (1966)
Así es la cosa, Mafalda (1967)
Mafalda 3 (1968)
Mafalda 4 (1968)
Mafalda 5 (1969)
Mafalda 6 (1970)
Mafalda 7 (1972)
Mafalda 8 (1973)
Mafalda 9 (1974)
Mafalda 10 (1974)
Mafalda Inédita (1989)
10 Años con Mafalda (1991)
Toda Mafalda (1992)
O desenho animado
Em 1981, Mafalda e a turma ganharam uma animação. Apesar do pequeno sucesso houve pouca divulgação. Quino não era a favor de que a personagem se transformações em desenho animado.
Um belo presente
Na comemoração dos 50 anos da personagem, em 2014, Quino e Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, se encontraram. Era um evento no qual o autor brasileiro entregou um desenho de Mônica e Mafalda juntas ao Centro Cultural Brasil-Argentina em Buenos Aires. Quino quis participar da entrega da ilustração e Maurício de Sousa fez questão de viajar ao país para encontrar o autor argentino.
No evento Mauricio e Quino conversaram sobre diversos assuntos e sobre as suas personagens e preocupações com o mundo.
A praça
Mafalda é tão importante que ela se tornou um dos símbolos da Argentina. Tanto que várias estátuas delas estão espalhadas pela capital Buenos Aires, e em outras cidades. Na principal cidade hermana há até uma praça que leva o nome da personagem.